Amanheceu peguei a magrela e fui pedalar..., tudo arrumado; o anuncio sobre a trilha era convidativo.
Como sempre fui pensando nos momentos que desfrutaria no encontro com a natureza, nas estratégias para suportar e vencer os desafios daquela aventura matinal.
Logo chegando ao ponto de partida, a saudação: - Opá, hoje vai ser boa, até Shumbim veio - Isto porque eu andava faltando devido a uma paixão antiga - o futebol - e por causa dessa paixão, uma baita distensão.Enfim, após saudações e cumprimentos partimos para mais um compromisso de lazer.
Ante as primeiras pedaladas que esquentavam nossas armas (pernas), vislumbrávamos o namoro que teríamos com a natureza - ouvidos atentos para ouvir seus sons, o beijo da sua brisa em nossas faces.
Tudo foi acontecendo como prevíamos: estratégia sendo seguida, pedal após pedal o som urbano desaparecia e descortinava-se a bela e robusta namorada. O namoro começava.
A nossa namorada sabe que somos um grupo de apaixonados por ela e, desta forma, nos unimos cada vez mais para demonstrar nossa paixão por ela e, por conta disso, não pedalamos sozinhos para que possamos juntos nos declarar face a sua beleza e criticar aqueles que ainda não aceitam a sua importância e imponência.
Mas parece que nesse dia ela estava com ciúmes e o "trem azedou" (como diz Jorge - Ti Jorge).
Sei lá se um novato que lá apareceu falou alguma coisa que ela não gostou...;
Pessoal, o que aconteceu nessa trilha nunca vi durante o tempo que pedalo (também não é muito não).
O tal do novato - que é bem vindo - nas primeiras pedaladas vai demonstrando desenvoltura, apresentando-se a um, a outro, até deparar-se com o Jorge. Este, como sempre lhe é peculiar, educadamente dá vazão as investidas sociais do rapaz e com isto surge um diálogo:
Diz Jorge: - E aí, você pedala sempre?
Novato: Sim, mas contigo não.
Diálogo seguindo e a turma também. Surge a primeira parada prevista que sempre fazemos. Mas faltavam o novato, Luizão, Emanuel (não mais novato) e outros que não me recordo.
Como já fui novato e ainda não sou elite (Roberto, Marcão, Sr.Nelson, João Hélio, Luizão dentre outros), entendo ser nosso dever esperar por aqueles que são entusiasmados por nós mesmos a pedalar.
Chega Luizão e diz: - Os minino (by Marcão) o novato ficou pra tráis (Luizão na trilha conversa assim).
Todos: Quem, quem, quem?
Luizão: o novato que falou pro Jorge: "Quero pedalar contigo" (Risos geral).
Continuou Luizão: - Passou um motoqueiro e disse que tinha um cara deitado lá "patráis". Voltamos e ele tava deitado, branco igual qui nem Shumbim faz quando perde as forças. Esperamos ele reanimar e depois de ouvir noís, decidiu voltar.
Flávio: - Êh Shumbim! Bateram seu recorde, esse não aguentou nem 20 minutos.
Alguém diz: - Ele é advogado.
Outro alguém: - Ah! é advogado? deixa pra lá; - é advogado? passa por cima.
(Obs.: na turma tá cheio deles)
Então seguimos com risos e gozações entre nós e de nós mesmos.
Lembram-se de que falei que a namorada parecia estar enciumada neste dia?
Se foi falado ou feito algo que ela não gostou, eu não sei, só sei que foi assim:
Com o intuito de então partir literalmente para a aventura daquela manhã, foi colocar o pé no pedal e ao olhar para baixo... - Pessoal, o pneu furou.
Todos: - Por que você não viu isso logo, Shumbim?
Colada a câmara, com a presteza de sempre de Luizão e de Paulo Coimbra seguimos e lá fomos nós.
Minutos após, mais um grita: - pneu furou! Lamentos e gozações surgem.
Alguém diz: - Isso é praga do advogado "Quero pedalar contigo".
Pneu posto, então... "Pé pu Mato" (um dos nomes que sugiro para a turma ou então sugiro também: "Quero Pedalar Contigo") e o que aconteceu?
-Pneu furou! gritou alguém (Gabriel ou Diogo).
Olha o ciúme da nossa namorada ou praga do...
Pé pu mato novamente e o que acontece? -Pneu furou!
Alguém: - Ah não! assim num dá (essa frase é própria do Marcelo).
Até aí tudo bem; normal para uma trilha que contava com 22 participantes, 3 pneus furados, nenhuma queda. Tudo normal a não ser o curto espaço de tempo entre um pneu furado e outro.
Pessoal, este infortúnio de pneu furar foi se repetindo um atrás do outro; nuvens negras surgiram no céu, trovões, raios relâmpagos e nós no meio da trilha, no coração da natureza nossa namorada - lembram-se, ciúme, raiva. Tá ligado...?
Flávio: Vamos sair debaixo dessa árvore que tá perigoso.
Perigoso uma pinóia. A diacha (by Jorge) tava mesmo era com raiva de nós e até agora eu não sei o porquê.
Dez pneus furados, apenas um com prego (que não é da natureza) os demais, todos furados com espinhos, paus - coisas dela.
Pensa que é pouco? Lá vai mais: Tomei uma queda quando passava por um daqueles canos que captam água - ele estava descoberto, porém, com um pouco de terra que o tornou escorregadio pra caramba; a roda deslizou sobre ele, cai de "tuim" pra cima.
Seu Nelson - O almirante - passou por mim, quando me levantava rapidamente para ninguém me ver e nem gozar de mim e disse:
- Tá comprando um pedaço de terra aí, Shumbim?
Respondi: - É almirante, mas num quero mais não.
Levantei. Depois de umas 10 pedaladas, a garrinha, que segura o câmbio quebra e este vem em direção aos raios e aí, pára tudo.
Alguns dos nossos já estavam um pouco distantes. Mas, todos os demais, os remanescentes ficaram comigo tentando achar uma solução para o problema (Sidney, Adriano que também informou que havia caído, Roberto, o primo de Gabriel, Flávio, Emanuel, Marcelo).
Ôh gente, uma pessoa prevenida (Robertinho) vale por duas. Como eu não sei tirar o câmbio dei logo o grito: - quem sabe faça ao vivo.
O Primo ou Tio de Gabriel e Robertinho (que tem todas as ferramentas) juntaram-se e debruçaram sobre a coitada da Shumbrega e - tira daqui, aperta e solta -, calor nos lombos, fome, sede, horário prá lá de avançado. (eram quase 2 horas). Enfim, fizeram uma incisão na corrente, retiraram parte do seu corpo, reduziram-na, pois com câmbio sem suporte para segurá-lo era impossível usá-lo. E assim, colacaram a corrente diminuída novamente para eu tentar pedalar.
Lembram-se da distensão provocada pelo futebol - Na queda, minha perna esticou de novo. Agora, como pedalar numa só marcha e com a perna prejudicada?
A solução foi que o primo do Gabriel, apoderou da Shumbrega e passou a dele para mim - sem traição - e continuou a trilha até chegarmos ao asfalto, pois o Flávio por causa do avançado da hora sugeriu que desviássemos da rota programada, pois os que seguiam à frente já estavam longe depois de comunicar que seguiriam - Tava demorando né gente - quase 2 horas da tarde.
Pois é, logo chegando ao asfalto, fui rebocado pela minha esposa, porque enquanto namoro a natureza vou ouvindo músicas (pra ter um clima; entende...?) através do celular que foi como comuniquei a ela da minha situação.
Lições:
1- Quando fores pedalar, Respeite a natureza; e sem pedalar também;
2- Considere os novatos, independentemente de suas profissões (rsrsrsrs) - Plagiando Paula Toller: Novatos são só novatos;
3- Um pessoa (Robertinho) prevenida vale por duas - Aqui uma constatação do apreço que todos têm pelo Robertinho. Pois a cada trilha tem demonstrado sua aplicação, discernimento, regularidade, dedicação para com todos e cuidadoso com tudo - o cara é jóia, um verdadeiro amigo;
4- Na vida podeis passar por tribulações, mas Deus de todas o livra.
Em toda essa trilha foram por mim verificadas demonstrações de respeito, cooperação, companheirismo, voluntariedade, desprendimento com toques de humor e alegria que fizeram passar despercebidas as aflições de uma simples furada de pneu como também amenizar a preocupação pela inesperada quebra de câmbio no meio de uma trilha.
Obrigado meus companheiros por terem participado comigo da mais favorita das trilhas. Por isso digo: - Quero sempre pedalar... (rsrsrsr).
Um comentário:
100%. Só tem artista nessa turma!! Parabéns Shumbim, otimo artigo. Já está no Site tambem. Só mude meu nome (de Paulo Cesar, para Paulo Coimbra).
Grande abraço!
Postar um comentário